"Não cancelarás": O que Jesus ensina sobre assassinato
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21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e: Quem matar estará sujeito a julgamento. 22 Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. 23 Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. 25 Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. 26 Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.
Introdução
Introdução
20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.
As redes sociais se tornaram “bairros perigosos” onde acontecem assassinatos todos os dias. Esses assassinatos na cultura popular são chamados de cancelamento.
Mariana Sanches - BBC News Brasil em Washington
25 julho 2020
"Você pode ser cancelado por algo que você disse em meio a uma multidão de completos estranhos se um deles tiver feito um vídeo, ou por uma piada que soou mal nas mídias sociais ou por algo que você disse ou fez há muito tempo atrás e sobre o qual há algum registro na internet. E você não precisa ser proeminente, famoso ou político para ser publicamente envergonhado e permanentemente marcado: tudo o que você precisa fazer é ter um dia particularmente ruim e as consequências podem durar enquanto o Google existir", definiu o colunista do The New York Times Ross Douthat em uma coluna sobre cancelamento há alguns dias.
No último mês, uma professora de teatro em Nova York foi acusada de ter cochilado durante uma reunião online para tratar de ações por justiça racial no curso. Uma petição assinada por quase duas mil pessoas pede sua demissão, acusando-a de racista. A professora nega e alega que apenas descansava as vistas olhando momentaneamente para baixo quando a foto foi feita.
Cafferty foi suspenso de seu emprego duas horas após chegar ao Twitter uma foto em que ele aparecia fazer o sinal de ok em seu carro. O usuário do Twitter que registrou a cena interpretou o gesto como um símbolo racista usado principalmente em redes como o 4chan. Cafferty, no entanto, diz que estava apenas alongando os dedos que nem sequer sabia da conotação racista do símbolo. Dias depois da postagem, ele perdeu o que considerava o "melhor emprego" de sua vida.
Resumo
Resumo
O espírito da lei, conforme Jesus a ensina, diz que para cumprir o sexto mandamento eu preciso amar a Deus e as pessoas.
O Espírito da Lei
O Espírito da Lei
O espírito da Lei emerge da expressão pronunciada por Jesus: “Ouviste o que foi dito aos antigos… Eu, porém, vos digo...” (Mt 5.21, 27, 31, 33, 38, 43). Por meio dessa expressão, Jesus se revela, não como um rabino mais perspicaz ou de maior autoridade, mas como Deus, o próprio legislador e o único capaz de dizer exatamente o que significa cada item da Lei. Portanto, em Mateus 5.21-47 é o Autor da Lei que esta nos ensinando sobre a maneira certa de compreender o desígnio de Deus em sua Lei Moral.
Quando falamos em espírito da lei devemos ter duas coisas em mente:
Quais suas implicações para além da mera letra.
Que não se trata meramente de fazer o que é direito, mas, sobretudo de amar o que é direito.
O espirito da Lei é diferente da lei dos escribas e fariseus
O espirito da Lei é diferente da lei dos escribas e fariseus
“Os antigos” é uma referência os rabinos ou antigos escribas, que desde os tempos do segundo templo (Zorobabel) mantêm uma tradição de transmissão oral da lei, a Torá Oral (Halachá). Eles se preocupavam apenas com a literalidade da lei. O que a letra diz é o que deve ser feito. Por exemplo, “Não matarás”, significa que eu não posso posso literalmente matar alguém, então se eu nunca assassinar uma pessoa eu não sou culpado de assassinato.
Como sabemos, Jesus aponta para mais do que a letra, ou seja, para as implicações que estão além da mera letra. Por exemplo, o ódio é assassinato por este é um sentimento assassino. Neste caso, a lei se cumpre não apenas de maneira negativa (não matarás), mas principalmente de forma positiva (promova a vida).
O Espírito da Lei é, sobretudo amar o que é direito
O Espírito da Lei é, sobretudo amar o que é direito
Enquanto o ensino dos escribas e fariseus era meramente sobre fazer o que a lei diz (de forma hipócrita e interesseira), Jesus quer amemos a lei. Tenhamos prazer em cumpri-la, pois isso tem a ver com amar a Deus (Mt 12.30-32). Ou como Paulo ensina posteriormente: “o cumprimento da lei é o amor" (Rm 13.10).
Este é um ponto importante! Deus sempre intentou que a lei fosse praticada primeiro no coração de seus filhos. Ou seja, que ela fosse amada porque ser ela é a vontade boa, perfeita e agradável de Deus; o mandamento santo, justo e bom. Pelo fato de Deus ter revelado seu caráter nela a fim de que nós o imitássemos: sede santo porque eu sou santo (Lv 20.7)!
5 Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. 6 Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração;
12 Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor requer de ti? Não é que temas o Senhor, teu Deus, e andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, 13 para guardares os mandamentos do Senhor e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem?
16 Circuncidai, pois, o vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz.
1 Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, e todos os dias guardarás os seus preceitos, os seus estatutos, os seus juízos e os seus mandamentos.
Deus não buscava uma obediência servil, mas filial. Baseada no amor e não no medo. Na gratidão e não em recompensas. O princípio aqui não é, meramente fazer o que é direito, mas amar o que é direito.
“O propósito final da lei não é meramente o de impedir que pratiquemos certos erros; seu objetivo real é conduzir-nos por um caminho positivo, a fim de que não somente façamos o que é direito, mas também que amemos o que é direito”. (Lloyd-Jones)
Davi entendeu corretamente o espírito da Lei quando expressou no Salmo 119.97
97 Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!
E João fez o mesmo ao dizer
3 Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos,
No ponto de vista dos escribas e fariseus, a lei deveria ser um farto insuportável (Mt 23.4), mas para Jesus e Nele a Lei deve ser um fardo suave e leve.
Livres da servidão da Lei
Livres da servidão da Lei
Preciso fazer uma observação importante antes de continuarmos: não devemos nada à Lei no que se refere à nossa justificação ou a merecermos o favor ou amar de Deus. A lei em si e o espírito da lei (ainda mais) podem ser extremamente duros para nós se nos apropriarmos deles de forma legalista (como escribas e fariseus). Nossa justiça só excederá a deles se compreendermos que Cristo é a justiça do Reino e a nossa justiça e, então, vivermos pela fé Nele. Só assim, nós teremos um relação saudável e amorosa com a Lei de Deus.
As Institutas, Volumes 1–4 2. A Primeira Função da Doutrina da Liberdade Cristã é Libertar-Nos da Servidão da Lei
Nisto está situada a função da lei: que advertindo os cristãos de seu dever, os estimule ao zelo da santidade e da inocência. Mas onde as consciências estão preocupadas em ter a Deus como propício, o que haverão de responder e com que confiança hajam de firmar-se, se a seu juízo forem chamados, aqui não há de levar-se em conta o que a lei requer, mas que devem ter diante de seus olhos como sua única justiça a Jesus Cristo, a qual excede a toda a perfeição da lei
Tendo isso sido estabelecido, podemos com coragem enfrentar os próximos versículos que nos ensinam sobre como podemos ser sal da terra e luz do mundo, vivendo por uma justiça superior.
Não matarás
Não matarás
Jesus o aplica o espírito da lei ao sexto mandamento.
22 Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.
Não se ire contra seu irmão
Não se ire contra seu irmão
Segundo escribas e fariseus, e a maioria de nós, só quebramos o sexto mandamento, literalmente, matarmos alguém. E, se isso acontecer o assassino deve ser julgado. O resultado disso é uma justiça inferior e inútil. Uma letra morte e sem espírito, que produz hipócritas e orgulhosos.
11 O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano;
Este tipo de justiça não combina com o caráter de um discípulo de Jesus (Bem-aventurança)
Segundo Jesus (Deus), a lei começa ser obedecida no coração e, da mesma forma, forma começamos a pecar no coração.
19 Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.
1 De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? 2 Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis;
Mesmo no AT, havia essa distinção. Porque assassino não o meramente mata (acidente ou legítima defesa), mas aquele que odeia.
20 Se alguém empurrar a outrem com ódio ou com mau intento lançar contra ele alguma coisa, e ele morrer, 21 ou, por inimizade, o ferir com a mão, e este morrer, será morto aquele que o feriu; é homicida; o vingador do sangue, ao encontrar o homicida, matá-lo-á. 22 Porém, se o empurrar subitamente, sem inimizade, ou contra ele lançar algum instrumento, sem mau intento, 23 ou, não o vendo, deixar cair sobre ele alguma pedra que possa causar-lhe a morte, e ele morrer, não sendo ele seu inimigo, nem o tendo procurado para o mal, 24 então, a congregação julgará entre o matador e o vingador do sangue, segundo estas leis, 25 e livrará o homicida da mão do vingador do sangue, e o fará voltar à sua cidade de refúgio, onde se tinha acolhido; ali, ficará até à morte do sumo sacerdote, que foi ungido com o santo óleo.
Jesus ensina que a ira pecaminosa (sem motivo) é o sentimento por trás de todo assassinato. É força potencial que leva pessoas a matarem umas as outras. Caim, antes de matar Abel, o odiou (Gn 4.5).
15 Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino; ora, vós sabeis que todo assassino não tem a vida eterna permanente em si.
A Bíblia ensina, portanto, que a ira pecaminosa e seus associados - inveja, rancor, amargura etc. - quebram o sexto mandamento e pessoas que cultivam tais sentimentos no coração estão sujeitos ao julgamento de Deus.
A Lei diz que se você matar dolosamente alguém, você é um homicida. Jesus diz se você cultivar sentimentos de um homicida você é um homicida. A Lei diz: se você agir como um homicida, você é um homicida. Jesus diz: se você sentir como um homicida, você é um homicida.
Não xingue seu irmão
Não xingue seu irmão
22 Eu, porém, vos digo que todo aquele que [sem motivo] se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo.
“Seu idiota” (racá). Parece algo inofensivo (quem nunca?). “Seu tolo”, igualmente parece uma coisa tolo. Algo um irmão mais velho diz ao mais novo quando estão arengando. Até onde podemos enxergar, são palavras sem consequências, ditas da boca para fora em um momento de raiva.
Mas, de onde vieram essas palavras? Do coração. Motivadas por quê? Ira pecaminosa. As palavras em si mesmas podem ter pouco valor, mas abrem um janela de diagnóstico que nos permite ver que tipos de sentimentos estão povoando o coração de quem as proferiu (ou digitou).
34 Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração. 35 O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más. 36 Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo;
Para Jesus, as palavras não têm poder, mas têm consequências. Veja a cultura do cancelamento e o assassinato de reputações.
Promova a vida, buscando a reconciliação com urgência
Promova a vida, buscando a reconciliação com urgência
23 Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24 deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. 25 Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz, ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. 26 Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.
O sexto mandamento se cumpre de forma positiva, quando ativamente buscamos - o quanto isso nos for possível - estar em paz com nosso próximo.
Observando o espírito da lei, somos chamados a amar a lei porque ela é a lei de Deus e, uma vez que amamos a Deus amamos seus mandamentos. De certa forma, nossa fomo e sede de justiça nos leva a nos alimentar deles.
Assim, amar a Deus exige que eu ame as pessoas (até adversários). Por isso, os relacionamentos precedem a adoração. Irmãos em guerra, não podem adorar a Deus (não agradarão) até que se reconciliem. Não posso amar a Deus e, ao mesmo, tempo odiar/ser indiferente meu irmão.
É urgente que irmãos em guerra se reconciliem!
O ódio sempre acaba em morte (para quem o cultiva)
O ódio sempre acaba em morte (para quem o cultiva)
Ira, xingamentos, irreconciliação todas essas coisas serão levadas a julgamento, que em última instância, significa inferno (v. 22c) para uma sentença inafiançável (v. 26).
Conclusão
Conclusão
Jesus foi assassinado em favor de assassinos. As pessoas trocaram Jesus, o autor da vida, por Barrabás, um assassino. Todos nós somos Barrabás que Jesus substituiu na cruz.
Quando Jesus morreu ele nos perdoou de nossos assassinatos reais e do coração, mas Ele foi além. Ele matou o velho serial killer que dentro de cada um de nós. Ele nos libertou para amar pessoas, mesmo aquelas que nos irritam e no odeiam. Ao redimir nosso coração, Ele o habilitou a amar a Deus e as pessoas. Não somos mais assassinos, mas pacificadores.
Aplicações
Aplicações
Não deixe que sua ira se transforme em amargura e que seu coração se transforme em vale de desova onde você tem ocultado seus assassinatos.
Se você acredita que sua ira é justa, coloque-a diante do Senhor (Sl 139.19-24).
Jesus é o pacificador de nosso coração.
Não cancele as pessoas. Cuidado com o que você fala e digita.